31 julho 2011

Partida.

Eu percebo nela apenas um fiozinho de vida. Se é que isso ainda pode se chamar de vida.
Ja não vi  mais a consciência nem a vital necessidade de alimentação.
Não há brilho nos seus olhos, eles  que sempre brilharam.
Ela sente dor, e isso  dói junto,  na carne da gente. 
Segurei sua mão mesmo tendo certeza que ela não sabia que era eu.
Estava quentinha.
Da vontade de se agarrar na  esperança com unhas e dentes.
Mas bem lá dentro está explícito que a hora  da partida se aproxima, e se tivesse sido a uns vinte dias atrás teria sido totalmente sem dor.
Eu ainda  não quero, sou egoísta, talvez. 
Ainda que eu saiba que este período deve ter seu propósito, para que nós possamos aceitar que é chegada a hora.
Eu a amo tanto.

"Escrever é fazer recuar a morte, é dilatar o espaço da vida." 
(Saramago)

Um comentário:

Anônimo disse...

Quanto a isto querida (Eu ainda não quero, sou egoísta, talvez), não é talvez... todos somos!

Quem não quer, mesmo contra a vontade da outra parte manter um aparelho ligado, uma pessoa amada mais um segundo ao nosso lado?

Todos somos egoistas quanto a este assunto.

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Só o pó!