Ja não vi mais a consciência nem a vital necessidade de alimentação.
Não há brilho nos seus olhos, eles que sempre brilharam.
Ela sente dor, e isso dói junto, na carne da gente.
Segurei sua mão mesmo tendo certeza que ela não sabia que era eu.
Estava quentinha.
Da vontade de se agarrar na esperança com unhas e dentes.
Mas bem lá dentro está explícito que a hora da partida se aproxima, e se tivesse sido a uns vinte dias atrás teria sido totalmente sem dor.
Eu ainda não quero, sou egoísta, talvez.
Ainda que eu saiba que este período deve ter seu propósito, para que nós possamos aceitar que é chegada a hora.
Eu a amo tanto.
"Escrever é fazer recuar a morte, é dilatar o espaço da vida."
(Saramago)
Um comentário:
Quanto a isto querida (Eu ainda não quero, sou egoísta, talvez), não é talvez... todos somos!
Quem não quer, mesmo contra a vontade da outra parte manter um aparelho ligado, uma pessoa amada mais um segundo ao nosso lado?
Todos somos egoistas quanto a este assunto.
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