Eu voto que a gente devia ter mais tempo pra conversar, observar e ouvir as pessoas.
Quando observamos a vida detalhadamente é possível aprender.
Eu que gosto de aprender e me utilizo de todo e qualquer detalhe para isso, hoje tive assuntos para elaborar uma tese.
A família que esteve comigo em reunião tem uma estrutura diferenciada, o pai que já não vive mais com a mãe decidiu assumir pra cuidar de um dos filhos a mãe ficou com os outros dois. Um deles o caçula e motivo de nosso encontro tem um rancor que parece de um homem velho e amargurado, com seus onze anos de idade já tem comportamento e mágoa que de tão grande não cabe nele e transborda em palavrões, gritos, empurrões e afins.
Mas eles se amam, a sua forma isso ficou explícito, ele o pai acredita que em menos de um mês daremos conta de cumprir os combinados e o menino ficará bem, "comportado". Contou em detalhes as estratégias de como educou o outro e jura que funcionou. A mãe sofreu tanto, até apanhou e é dela que o menino aprendeu um pouco de preconceito e baixa auto estima, se sente o último dos meninos e também confessou que não lhe obedece e manda nela.
Eu precisei dizer que os pais precisam voltar a mandar nos filhos, lhes dar amor e limites.
Ele o pai me contou porque nunca mais foi a uma reunião de pais, eu fiquei perplexa ao ouvir de que forma as palavras regem nas pessoas.
A professora revelou no tom de voz que estava percebendo alguns porquês naquela conversa, ela nunca havia visto o pai do menino e os dois são absolutamente iguais.
Conversamos muito, baixamos a guarda, fiz questão de afirmar que queremos o bem do garoto, que estamos no mesmo barco, que a felicidade dele é o que importa. Precisamos seguir cada um desempenhando o seu papel nesta história.
E naquela conversa de menos de duas horas pude perceber que o pai austero e temido na cidade, ex marginal, que já cumpriu pena por homicídio tem sentimentos, princípios e quer o melhor pro seu filho, inclusive me confidenciou que metade de tudo que fez de errado na vida não teve ninguém pra dizer pra ele que poderia fazer diferente.
Aproveitei pra dizer que ele é o ídolo do filho e que este o admira muito.
Nos unimos com o objetivo de ajudar esse garoto, fazer sua vida mais leve e melhor. Elencamos algumas ações, vamos nos dar as mãos, cada um dos atores do processo deram a palavra e firmaram compromisso.
Eu voltei reflexiva percebendo que podemos nos dar as mãos, que aliás este deve ser o único caminho possível a seguir.
Eu vou investir muito pra que nossos combinados deem frutos, para que a gente possa acreditar e seguir fazendo a diferença. Não existe outro objetivo do que o de fazer a vida das pessoas melhor.
Hoje, todos aprendemos tanto!
P.s Não julgar, pra mim, foi o maior aprendizado
P.s Não julgar, pra mim, foi o maior aprendizado