10 novembro 2015

E se foi...

Uma mulher que traz a expressão do sofrimento, se expressa bem, sabe exatamente o que quer dizer  e a impressão que quer causar. Já tinha ouvido falar muito dela, mas como tenho exercitado a escutatória, não fiz pré julgamentos, apenas ouvi. Observei e ouvi. Ela sentia muita necessidade de falar, de prender minha atenção. Contou-me tudo, confirmou suas verdades e provou hipoteticamente o quanto tinha razão, o quanto a vida foi ingrata com o seu menino. Ela me contava e seus olhos alternavam hora secos e arregalados em outras rasos de lágrimas. Ela tinha pra me contar uma história verdadeiramente emocionante  e ainda que fosse narrada como se ela tivesse  o papel principal sendo a heroína, criou o menino que não era dela. Fiquei sabendo  de tudo em pouco mais de uma quarto de hora, na casa dela somente são convidados pra entrar gente que ela quer bem os mesmo que ela dá  a mão como cumprimento. Não convidará  a mãe biológica para a comunhão dele e parece que acredita no promotor, aquele do fórum da comarca neste homem ela pensa que dá pra confiar. Seria ela uma mulher sozinha, carente sem ninguém pra conversar? Ou talvez queria me convencer de  como ela  gostaria que a vida tivesse sido... Não sei bem, mas apenas ouvi  e este exercício faz bem pra gente.Desliguei dos afazeres que estão as pilhas dentro da gaveta, dos retornos telefônicos, das medidas impopulares a serem tomadas, de tudo, para simplesmente dar atenção aquela mulher. Eu percebi que ela precisava muito disto, que saiu melhor do que entrou e que apenas não confidenciou mas me convidaria pra entrar na casa dela.
Seu pronunciamento  que me despertou simpatia porque foi me jogando na mesa palavra a palavra os valores  que tem em plena manhã de segunda-feira.
Me deu a mão e se foi.

Um comentário:

Anônimo disse...

"nada do que é humano me é estranho!"

o mineiro no sertão

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Só o pó!