20 março 2020

Diário de uma guerra biológica.

Dia n.01
Ontem,  19.03.20 Foi o primeiro dia de quarentena, isolamento ou sei lá como é o termo ideal.
E saber que a única vez que fiz resguardo na vida foi quando minha filha nasceu. Este momento é diferente de tudo que já vivi,  que já vivemos.  É a sensação de medo misturada com pavor tem acometido a maioria das pessoas com as quais convivo.

O vírus se chama #coronavirus  COVID19, tem feito horrores pelo mundo. Iniciou na China e espalhou-se, a Europa está desolada,  na Itália tem morrido em torno de 500 pessoas por dia.  Já estão escolhendo quem terá acesso aos respiradores.  Lembrando que a Itália está localizada no   primeiro mundo.

Sintomas de gripe com febre alta, tosse e falta de ar... e falta de condições da saúde pública de acolher a todos se realmente este vírus se espalhar no Brasil que tem extensão continental,  fronteiras imensas e faltas de retorno  consciente dos impostos em saúde e educação. É por isso que dá PAVOR .

Porque a gente sabe em que país vive. A gente sabe a quantas anda a saúde.  Um país onde o líder máximo está fazendo uma besteira atrás da outra,  desdizendo  inclusive autoridades da saúde e da ciência. 
Aqui no sul maravilha, nas proximidades de onde vivo,  temos um hospital regional de médio porte e bem localizado que atende mais de vinte municípios vizinhos. Em dias normais,  faltam vagas na unidade de tratamento intensivo. Compreendem?

 No domingo conversei com minha irmã,  que mora em Portugal,  ela descreveu o isolamento que está vivendo e tudo que tem visto e parece que só neste momento minha ficha caiu.
Minha filha não mora mais aqui e trabalha com gente,  já chamei três vezes,  ela entende ser melhor ficar na casa dela. 
Trabalho com crianças, do total a metade está gripada,  estamos em clima de outono, manhãs frias e calorão a tarde, propício as doenças respiratórias.  Na cidade que  trabalho uma das bases da economia  são   empresas que  montam caldeiras no Brasil inteiro e muitas no exterior.  Passei três dias com muito apreensão,  sala ventilada,  álcool gel,  tentando ensinar ludicamente para que as crianças possam ajudar a se prevenir. 
Os idosos fazem parte do grupo de risco,  por conta da imunidade baixa,  os portadores de doenças crônicas,  os cardíacos, diabéticos...  Meu pai nesta perspectiva é de extremo risco, está em todos os grupos,  não me preocupa tanto porque diferente da vida que levou sempre,  nos últimos cinco  anos está em quarentena perpétua.  Porém minha mãe que é saudável  idosa e teimosa,  adora dar a volta ao mundo e ficar em casa para ela significa doença.  Já deu piti, está manhosa  feito criança, só que neste caso , pior,  pois ainda se manda. 
Na quarta-feira feira por sorte o governador de Santa Catarina fez um decreto emergencial e pela primeira vez em toda minha vida vejo o fechamento das escolas por trinta dias.  Um decreto que traz um pacote de medidas para a prevenção.
Achei de grande bom senso e antecipado em se tratando de Brasil.
Estamos em isolamento social.
Sem compreender está dimensão ainda. 
Com o advento das tecnologias existe um bombardeio de informações.  
Hoje,  no início da manhã procurei me antenar sobre tantas nuances de todas as fontes. Claro tem fake News, tem gente desesperada nos mercados comprando tudo que vê pela frente,  tem espíritas pregando o desencarne em massa,  tem cristãos prevendo o apocalipse,  tem gente acreditando  que não é tanto assim estão acreditando que seja um golpe da China.

Eu,  neste primeiro dia,  me informei,  procurei acalmar minha mãe a distância, meu  pai passou mal teve uma queda de glicemia,  deve ser de nervoso.   Desliguei a TV e as redes sociais.  Fiz faxina na casa,  lavei roupas,  dobrei , limpei calçada. tudo está pronto para os próximos sete dias. Trabalho sempre me ocupa os pensamentos.  
E senti MEDO. Muitooo medo.
Estamos no início de uma guerra biológica  e somos despreparados  para lidar com o antes o durante e o depois em todas as suas dimensões. 


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