Neste final de semana tal qual Clarice ou Adélia não tenho plena certeza, eu vi pedra e só vi pedra mesmo.
Sorte que nestes baixos e baixos que estamos todos vivendo, ela, a vontade de escrever, reaparece, ali num canto, olhando torto pra gente.
Hoje completamos quarenta dias de isolamento, sem trabalhar, sem interagir, sem viver as nossas vidas que de tão agitadas nos pareciam normais.
Mas aquela anormalidade torta me era familiar.
Eu desembarquei de um 2019 que mais me pareceu um ciclone, 60 horas de peleias semanais e mais algumas pendências a noite e nos finais de semana. 2020 começou pra mim como a calmaria de um mar sem ondas, a alegria de um céu sem nuvens, o sabor de um mate de fim de tarde.
Este ano já havia começado diferente de todos os outros da última década. Minha cabeça já estava tão leve que parecia vazia e meio zonza.
E derrepente ba!
O Tempo que já tinha parado, estabilizou completamente. Me devolveu uma pasmaceira que nesta vida eu não tinha experimentado.
Foram dois os resguardos que fiz na vida. Foram muito assertivos e não canso de lembrar como saí recuperadíssima de todos os dois. Sem nenhuma sequela ou qualquer efeito colateral que fosse.
As quarentenas que eu havia vivido até hoje, tinham data fim e demonstravam a cada dia melhoras em meu estado se saúde e no meu estado emocional. Em um, tinha uma bebê nos braços, no outro passei a usar saias e vestidos com pernas apresentáveis .
Esta está atípica. Diferente de tudo.
Ao mesmo tempo me amedronta e me equilibra.
Todo tempo de espera pressupõe melhoras eu tenho tanta convicção que este também o fará.
Em Manaus o sistema funerário entrou em colapso. Em Santa Catarina a cloroquina, ainda que não totalmente testada, tem servido para curar algumas pessoas.
Estamos em crise política, financeira e de saúde pública. A educação, esta nem se fala...
Estamos tentando sair vivos e sãos de tudo isso.
Quarenta dias, seguimos olhando um horizonte incerto.
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