Eu somente estou querendo dizer que não estou acostumada a ser olhada, de verdade.
E se me olham, não dizem, talvez porque percebem alguns estereótipos. Eu sei que faço parte de uma construção social de imagem, de uma mulher empoderada e profissional. (Tá!)
Eu vejo gente no piloto automático, rumando pra frente desenfreadamente, porque já descobriu a missão, já conhece os sonhos, já sabe dos afetos e desafetos...
Eu vejo gente assim no meu espelho.
A mesma atenção que dedico aos que me cercam, os pequenos detalhes que vejo e elogio sinceramente, o andar, o vestir um pequeno corte no cabelo, os gestos bonitos que eu enalteço, a vontade de tornar a vida das pessoas agradável, a reação alegre que provoca em meu entorno me faz gostar de ser assim.
Eu só não tenho olhado pra mim.
A rotina, essa danada me roubou estes momentos, me fez desaprender a agir e reagir e até soprou no meu ouvido que eles não me pertencem.
Faz tempo que não me olho...
Descobrir de que lado devo olhar pra foto pra ficar melhor, se já assumi olhar de frente, qual a expressão que meus lábios fazem quando estou sorrindo por coisas que acredito, como me expresso quando estou emocionada, quando é possível perceber um leve tom esverdeado em meus olhos...
Coisas pequenas que tem o poder de nós reconhecer sensíveis, humanos.
Se sentir olhada com outros olhos.
Se sentir verdadeiramente ouvida.
Tem dias e dias e hoje esta sensação vai dormir comigo.
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