26 setembro 2010

Uma mulher admirável.

Se chama Maria.
Tem por  volta de sessenta anos, uma  simplicidade que comove.
Na boca, lhe faltam  dentes,  presumo, fruto de uma vida dura.
Mulher alguma, mesmo que as menos vaidosas não acredito perderem  os dentes da frente  e não incomodar-se.
Ela "só" trabalha, não  questiona, não conversa e nem tece comentários.
Não é possível precisar   se  pela sua timidez, quem sabe traço de  sua personalidade.
Observa  os fatos de  longe e seus olhos demontram  admiração  com muitas coisas  que vê. Nestes momentos o seu silêncio fala.
Cria dois netos, são cinquenta anos de  diferença entre  eles, talvez muitas  coisas serão diferentes hoje, mas ela promove autonomia e lhes ensina valores  como poucos vi fazer  igual.
Parece não conhecer as  letras e muito menos decodificá-las, mas com gestos ja me deu maiores  licões de vida que muitos mestres.
Está sempre  pronta a ajudar,certamente nunca irá alegar os feitos.
Eu a admiro muito! E mesmo que ela não saiba, eu ja devia tê-lo dito, aprendo com ela todo dia.
Maria, uma autêntica representante de muitas mulheres de fibra  deste Brasil.

23 setembro 2010

Gratidão

Ela  acredita  que nesta  vida  viemos para plantar.
Fica feliz  em saber  que suas  ações  promovem o bem.
Sabe, de toda  bondade  que tem enraizada  nas  ações  que não esperam retribuição.
E Ela habitualmente não as espera.

Sim, a vida  é exatamente assim! 
Gratidão é pra  quem tem.
Tal qual aquela  amiga do coração 
 que ligou a  pouco  contando da referência  que fez  no discurso de  abertura.
Mas quem a  conhece sabe  que não é a refêrencia  que ela desejava.

Agora .... sente  uma vontade tão grande de chorar.
Relembrando  nitidamente...

Aquele projeto foi fruto do seu trabalho, da sua crença, do encantamento de pessoas.
Queria  fazer parte, estar junto, somar,   fazer acontecer.
E isso  está  completamente  fora  de  cogitação.
 hoje... Se concretiza parcialmente, e o que mais dói e esta sensação errônea, talvez,
de  que não  darão  o devido valor  e  a garra necessária.

Mas  isso é "talvez"...  E só  por isso  que Ela está assim. 

17 setembro 2010

Em tardes de Sexta

Na minha varanda, o sol ja está  entrando.
Sinal nítido  que a  aproximação da primavera ja transformou seu movimento.
Eu adoro dias assim!
De sexta-feira
De sol brilhando (ainda  que a  chuva  ja faça  falta)
De véspera  de festa
De encontro com gente querida
De música  e risadas
De salto alto,  baton na boca, unha vermelha e vestido.

Eu adoro  o cair da tarde de  sexta-feira.
Pela tranquilidade que a  gente  sente no ar, numa  cidadezinha  igual a minha
Pelo brilho que as  estrelas  tem neste  céu,  muitas vezes fazendo companhia para  a  lua.
Pela paz que  parece se estabelecer.

Daqui, agora, eu observo a  varanda,
o verde  que é muito,
as pessoas, que vão pra  suas  casas,
 as  expressões  delas me dizem  que a maioria  está se  sentindo  como eu.

12 setembro 2010

o Banho

Eu sei que este tema ja esteve   neste palco. Mas  dado ao gosto , e a um comentário que ouvi esta semana, queria trazer novamente aqui.
Me chamou atenção , ser "ele" uma das escolhas , quando se teria tantas outras pra fazer.
Eu  também amo banho, por  "n"  fatores, alguns nem necessários descrever.
Basicamente ele lava, limpa, relaxa,mas muito além disto, ele traz um momento de reflexão de  sossego, de fechar a porta se afastar  do mundo e não precisar falar  ou fazer as coisas  que teoricamente a gente precisa fazer quando anda  ao ar livre.
Ele é meu, só meu, diferente de  grande parte   do meu tempo.
É um momento particular, quase como poder esconder a  cabeça no casco por alguns minutos.
Levanta  a mão aí quem não  sente vontade vez  ou outra de ficar assim um pouco ?

Do banho de  hoje,  eu sai  feliz. Bem Feliz!

03 setembro 2010

Urgente!

… a cidade lá fora, com gentes falando sempre alto demais, sem parar, entrando e saindo de lugares, bebendo, comendo coisas, pagando contas, dançando alucinadas, querendo ser felizes antes da segunda-feira: urgente”.

 Caio Fernando Abreu in Estranhos Estrangeiros.

...

Não importa



A forma como olhas.


Mas aquilo que viste

E aquilo que revelas, isso importa.

Vale a pena saberes aquilo que sabes.

Observar-te-ão

Para ver quão bem observaste.

Mas aquele que apenas se observa a si mesmo

Nada ganha do conhecimento dos homens.

Demasiadamente de si esconde a si mesmo.

E nenhum homem é mais sábio do que ele próprio.

Logo, a tua aprendizagem deve começar no meio

Das vidas das outras pessoas.

Transforma na tua primeira escola

O teu local de trabalho, a tua casa,

O lugar a que pertences,

A loja, a rua, o comboio.

Observa todos quantos o teu olhar alcance.

Observa os desconhecidos como se te fossem familiares

E aqueles que conheces como se te fossem estranhos.

Bertolt Brecht

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Só o pó!