A primeira vez que eu o vi, na verdade o ouvi.
Foi em um " festival de valores" e a sua música me fez largar o que fazia e ficar encantada olhando para o palco.
Era um menino, que não tinha mais do que oito anos de idade.
Quando olhei em volta, a platéia toda estava inebriada.
Tão doce e preciso era o toque e a cada nota a música ficava mais emocionante.
Depois de muito sem nem saber dele, recebo um convite de uma formatura.
Observando os formando,me deparo emocionada com o "menino"que no próximo dia 03 receberá a outorga do grau de jornalista.
Foi inevitável perguntar como estava, o que fazia de que forma conduz a vida.
É feliz, tem uma vida bacana e já iniciou curso de história na Federal.
A menina que me fez o convite, percebendo meu visível interesse, sem afirmar deixou claro que foi seu anjo , que o conduziu, ajudou, brigou pelos direitos. Disse que consegue chegar a sala que é próxima a cantina pois o cheiro o conduz. Comicamente relatou o jantar de homenagem da patronese, que teve coragem de oferecer apenas uma pizza média a 18 pós adolescentes, e ele simplesmente não teve a menor cerimônia e pediu mais um pedaço, o último, por sinal.
E em épocas de diversidade e inclusão em que a legislação ampara e a vida escancara, colocando limitações físicas, estruturais, sociais, é guerreiro sim, quem tem a história de vida como Ele e consegue estar onde está, buscando com unhas e dentes as oportunidades, dando mostras de que não vai parar por aí.
Sem saber, eu percebo o quanto você desenvolveu todos os sentidos, o quanto as convenções sociais não te atingem.
Sem saber, tu me ensinas!
P.s Tiago nunca viu a luz do sol, é cego desde o nascimento e no entanto se expressa e VIVE como ninguém.